sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Rede social (ResearchGate) para cientistas, uma especie de facebook, tem mais de 1 milhão de usuários




Notícia da Agência FAPESP – Mais de 1,3 milhão de pesquisadores de diversos países – 35 mil só do Brasil – já se inscreveram na plataforma ResearchGate, uma espécie de
Facebook dos cientistas. A proposta da rede social é facilitar a comunicação e a troca de experiências entre pessoas que atuam na mesma área de investigação.


Como outras redes, o ResearchGate conta com diversos grupos de discussão, nos quais os membros podem fazer e responder perguntas. Mas, diferentemente de outros sites do
gênero, os perfis dos participantes são estruturados como se fossem um currículo científico, o que facilita a busca de usuários por área de atuação.



Além disso, os pesquisadores podem incluir um índice com suas publicações e um blog pessoal. Um calendário informa os participantes sobre eventos científicos em todo o
mundo e uma bolsa de empregos oferece mais de 13 mil vagas nas diversas áreas da ciência.

A plataforma é gratuita e foi criada em 2008 pelo médico alemão Ijad Madisch, graduado em Hannover e pós-graduado em Harvard. Ele conta que teve a ideia quando
fazia a pós nos Estados Unidos e deparou com um problema para o qual não achava resposta.


Madisch conheceu um colega que pesquisava o mesmo assunto e tentou manter contato com ele pela internet, mas sentiu que faltava uma ferramenta adequada para isso.



“Grande parte dos recursos gastos em uma pesquisa acaba cobrindo experiências malsucedidas, que não ganham espaço nas publicações”, disse.



Com o ResearchGate, segundo Madisch, os cientistas podem receber informações sobre os trabalhos de colegas do mundo inteiro, inclusive sobre as experiências que não deram certo. Isso evitaria repetir o que já se mostrou falho.



De acordo com os administradores do site, 30 brasileiros, em média, se registram diariamente.

Mais informações: www.researchgate.net

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Brasil tem déficit de enfermeiros - País empata com a Índia na segunda pior posição

Postado de:http://www.portaldaenfermagem.com.br/

Quando o assunto é o investimento na formação de enfermeiros, o Brasil possui a segunda pior posição entre os países industrializados. Para cada mil habitantes, existe apenas 0,9 enfermeiro, taxa semelhante à da Índia, e à frente apenas do Chile. Isso é o que revela estudo elaborado pela Organização e Cooperação para o Desenvol­vimento Econômico (OECD na sigla em inglês) com 40 países – os 34 membros da instituição e seis emergentes. Esta informação foi divulgada pelo jornal paranaense Gazeta do Povo, que divulgou o estudo da OECD.

A oferta de enfermeiros em relação à de médicos também coloca o país em último lugar na pesquisa, com 0,5 enfermeiro para cada médico, mesmo índice dos chilenos. A pesquisa, de 2009 e divulgada neste ano, leva em conta tanto os profissionais com graduação quanto aqueles que atuam como técnicos e auxiliares de enfermagem.

Para se ter um parâmetro, a Rússia, país com nível de desenvolvimento semelhante ao brasileiro, possui 8,1 enfermeiros por mil habitantes, e 1,9 enfermeiros para cada médico. Já a Índia e a China possuem índices um pouco acima, embora ainda baixos. No primeiro item, a campeã é a Islândia, com taxa de 15,3 enfermeiros por mil habitantes, e no segundo, a Irlanda, com cinco enfermeiros para cada médico.

Déficit preocupante

A pesquisa da OECD reflete um déficit conhecido das associações e conselhos que reúnem os profissionais de enfermagem no país. De acordo com a presidente da seção paranaense da Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn) e secretária de saúde de Carambeí, nos Campos Gerais, Carmen Moura Santos, o Brasil necessitaria de pelo menos 350 mil profissionais a mais.

A falta é mais sentida em cidades do interior e nas regiões Norte e Nordeste, onde muitas vezes não há enfermeiros 24 horas por dia nos hospitais, ou então um mesmo enfermeiro assume mais de uma equipe ou é responsável por mais de uma unidade básica de saúde, o que é proibido por lei. “A distribuição é muito desigual, e em alguns locais esse índice [apresentado pela pesquisa] pode ser ainda menor, o que impacta na qualidade do serviço”, diz a enfermeira.

Pela lei, há diferenças entre enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem. Apenas o primeiro pode prescrever cuidados e é sempre o chefe da equipe, enquanto os demais podem executar os serviços, sempre sob a supervisão do enfermeiro. Cada equipe deve ter um enfermeiro, e deve haver sempre um profissional desta categoria à disposição 24 horas por dia.

Cuidados

A desigualdade na relação entre enfermeiros e médicos impacta negativamente na saúde, de acordo com o membro do Conselho Federal de Enfermagem (Cofen) Antônio Marcos Freire. “O médico é responsável pelo diagnóstico e por indicar o tratamento, mas é o enfermeiro que prescreve os cuidados e tem maior contato com o paciente. Logo, se estão em menor número, essa parte fica comprometida.”

Freire dá um exemplo que ilustra bem os problemas decorrentes dessa desproporcionalidade, que envolve a hora de dar à luz. Geralmente, cabe ao médico fazer o parto, mas é o enfermeiro o responsável por acompanhar a parturiente e ajudá-la com procedimentos que aliviem a dor, como massagens, mudanças na posição do leito e técnicas de respiração. Com o déficit, é comum que muitas não tenham esse acompanhamento.

“O enfermeiro pode ajudar a mulher nesse momento de ansiedade, ajudando-a a fazer a força necessária e a economizar energia. Em casos em que ela é orientada de forma incorreta ou nem é orientada, é comum que não tenha forças para empurrar o bebê e acabe sendo necessária uma cesárea, aumentando os riscos de morte materna”, diz Freire.

Preconceito é histórico

Historicamente, a Enfermagem sempre foi vista como um ofício menor se comparado com a Medicina, embora ambas tenham papeis igualmente importantes na área de Saúde. “É uma questão de cultura. A Medicina é uma ciência mais antiga, e o status social do médico sempre foi maior do que o do enfermeiro. Isso começa a mudar, até porque é o enfermeiro que está 24 horas com o paciente, e as pessoas começam a valorizá-lo”, analisa a coordenadora do Curso de Enfermagem da Faculdade Evangélica, Amarílis Schiaon Paschoal.

Antônio Marcos Freire lembra que a Enfermagem também sofreu preconceitos por ser historicamente uma profissão feminina, já que o machismo quando essa ciência surgiu considerava inferiores os ofícios ligados ao gênero. Quando escolheu seguir a profissão, há 15 anos, ele sofreu resistência inclusive dos pais. “Havia a ideia de que a Medicina era para os homens e a Enfermagem para as mulheres, pela noção de subserviência que havia entre as duas funções, da enfermeira servindo ao médico.” Já a presidente da Associação Brasileira de Enfermagem no Paraná (ABEn-PR), Carmen Moura Santos, “as pessoas sempre reclamam por mais médicos, pois elas querem consulta, querem tratar, tomar remédios, mas o que faltam mesmo são mais enfermeiros, que focam principalmente nos cuidados e na qualidade de vida através da prevenção”.

Velhice abre mais vagas

Num país com cada vez mais idosos, as oportunidades de trabalho para os enfermeiros se multiplicam. Os brasileiros com mais de 60 anos somam 19,5 milhões, mas devem chegar a 64 milhões em 2050, refletindo na oferta de postos de trabalho na área de cuidados domiciliares. Os filhos serão em menor número, o que exigirá alguém com conhecimento técnico para cuidar dessas pessoas em casa. Nesse momento entra em cena o enfermeiro.

A professora do de Enfermagem da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) e mestre em Educação Ana Rotilia Erzinger explica que o enfermeiro pode atuar tanto na prevenção de doenças quanto nos cuidados com o idoso mais debilitado. Mas não se deve confundir o trabalho de enfermeiro com o de cuidador de idosos. “Somente o primeiro pode realizar procedimentos como manuseio de sondas e aplicação de injeções. O cuidador, geralmente um membro da família sem formação específica, é responsável por auxiliar o ido­­so em atividades da vida diária.”

A importância desse profissional em países que envelhecem é visível pela demanda de outras “nações idosas” que já recrutam enfermeiros no Brasil. Entre eles se sobressai o Canadá, onde 27% da população serão de idosos em 2030. A cidade de Quebec oferece curso de francês grátis e visto permanente para enfermeiros que queiram trabalhar por lá.

Hospitais disputam os profissionais

Quem resolve seguir carreira na área de Enfermagem tem pela frente uma boa gama de opções quanto à área de atuação. Em relação aos estágios de formação, é possível optar por seguir a carreira de auxiliar de enfermagem ou técnico em enfermagem. Ou, ainda, concluir o ensino superior e se formar enfermeiro profissional, chamado antigamente de enfermeiro de alto padrão.

“O auxiliar é responsável por cuidar dos pacientes de menor complexidade, como aqueles que estão em enfermarias, apartamentos ou suítes. Os técnicos, que estão numa categoria acima dos auxiliares, podem cuidar dos que estão em UTIs ou prontos-socorros. Ambos são formados em escolas de enfermagem e têm formação teórica e prática”, explica a gerente de enfermagem do Hospital Evangélico do Paraná, Ana Cláudia Giffhorn.

Em relação ao enfermeiro, que possui graduação em Enfermagem, é possível optar pelo cuidado direto com o paciente, em ambiente hospitalar, instituições de longa permanência (os antigos asilos) e empresas, ou então se especializar na área de administração (coordenando ou gerenciando equipes), de educação (dando aulas), pesquisa ou auditoria (uma espécie de avaliação sistemática do atendimento prestado).

Em muitos hospitais, de acordo com a enfermeira, o auxiliar ou técnico que opte pela graduação tem grandes chances de ser promovido. Esse profissional é muito valorizado, por iniciar a graduação – que proporciona o conhecimento científico – já com a experiência obtida no dia-a-dia.

Por causa do déficit de profissionais e da variedade de oportunidades, as instituições, em especial hospitais, costumam “competir” por profissionais, de acordo com Ana Cláudia. “A área é muito rica e sobram vagas. Isso permite que você deixe currículo em vários hospitais, que sofrem com essa falta. Isso permite escolher a melhor oferta em termos de condições de trabalho e salário.”

A gerente afirma, no entanto, que a remuneração ainda é um desafio e que, por isso, deve optar pela profissão quem realmente tem vocação. “Não se pode dizer que você irá ficar rico. O retorno é principalmente pessoal. Saber que você pode aliviar a dor de alguém e fazer diferente para cada paciente. Isso é algo muito emocionante.”

Trabalho

Curitiba (PR) reduz jornada para 30 horas

A partir de março, os enfermeiros que trabalham na rede municipal de saúde de Curitiba passarão a cumprir uma jornada de 30 horas semanais, uma reivindicação antiga da categoria e que atualmente é tema de projeto de lei no Congresso Nacional. Hoje, a jornada é de 40 horas. A redução foi aprovada em segundo turno pelos vereadores da capital no final do ano passado, após protestos dos servidores.

A professora da Pontifícia Universidade Católica do Paraná Ana Rotília Herzinger afirma que reduzir a jornada ajuda a diminuir a probabilidade de erros cometidos por causa do cansaço. Hoje, fala-se muito em “erro médico”, mas também é razoável o número de erros de enfermagem, até porque o profissional passa mais tempo com o paciente do que o médico.

“Mais tempo livre também possibilita aos enfermeiros mais disposição para investir na formação continuada e assim aumentar a renda. Isso contribui para que os enfermeiros invistam mais na área de cuidados diretos com o paciente, que hoje começa a perder espaço para a área de gestão, quando o enfermeiro realiza apenas atividades de administração.”





Fonte: Gazeta do Povo